Waldyr Gutierrez Fortes
Professor da Universidade Estadual de Londrina
Os currículos praticados nas escolas de comunicação do país não podem ficar restritos a uma repetição constante e imutável de alguns pressupostos teóricos, já repassados pela “enésima” vez, sem qualquer reflexão mais profunda do seu real significado, de sua essência. Por outro lado, a prática não pode ficar restrita à imitação da realidade que eventualmente os alunos de Relações Públicas irão encontrar na sua vida profissional.
A dedicação à área de eventos especiais, especialmente quando procuram somente salvaguardar a “imagem” corporativa das organizações, impede que se ofereça algo mais concreto em termos de contribuição para o sucesso das organizações onde as atividades de Relações Públicas são desenvolvidas. Com isto, criam-se mecanismos que vêm somente a distrair a atenção das massas, esquecendo-se completamente o principal papel dos profissionais das Relações Públicas, que é o de transformadores sociais em qualquer tipo de organização.
E como, então, concilia-se o ensino e a prática de Relações Públicas para esta nova realidade? A postura profissional do futuro deve evitar alguns vícios do passado, como, por exemplo, envio dos famigerados “press releases” à imprensa, sem uma análise mais profunda dos motivos que levaram a uma determinada situação; a programação de festividades em datas já muito exploradas por todos; o envio de brindes para pessoas que se julga possam trazer benefícios para a organização; aproveitam-se de alguns incentivos para desenvolver determinadas atividades que julgam ter um “aspecto cultural”, e assim por diante.
Neste quadro, fica faltando melhorar o relacionamento com o público interno, por meio de uma política de pessoal que realmente considere as reais necessidades deste segmento da organização. Falta uma maior integração dos objetivos de Relações Públicas com os objetivos mais amplos da organização, pois a nossa área deve estar presente no momento das grandes decisões estratégicas.
Nos cursos de Relações Públicas é preciso desenvolver estudos mais profundos da cultura organizacional, da história e dos métodos e processos de trabalho, dos hábitos de compra dos consumidores e tantas outras atividades que poderiam ser encaradas como constituintes de um processo amplo de interferência nos destinos da organização atendida por Relações Públicas.
A questão é que cabe às Relações Públicas pesquisar e assessorar naquilo que as organizações realmente estão necessitando e, especialmente nesta época de crise, a sua própria sobrevivência. É a velha questão que se apresenta: atender perfeitamente a todos as necessidades dos públicos, sejam elas de informações, falta de comunicação, apoio às suas iniciativas, desejos e necessidades, considerando como o primeiro grande grupo a ser atendido: a própria administração das organizações.
Assim, o desafio está colocado: adequar as escolas de Relações Públicas a estas exigências; instrumentalizar os seus professores para que estes realmente preparem os futuros profissionais de maneira adequada e moderna e, principalmente, mostrar aos profissionais que a profissão de Relações Públicas pode apresentar um alto grau de relevância perante o quadro estratégico das organizações, empresariais ou não.
quarta-feira, 7 de novembro de 2007
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